sábado, 10 de outubro de 2015

Sem julgamentos


Pedro tinha o coração nos pés. Caminhava e deslizava pelo tablado de madeira com aquela certeza que só ele tinha. Dançava de olhos fechados e cada respiração acompanhava aquele caso de amor com a música que tocava. Volta e meia, no meio de meias-voltas, eu vislumbrava um sorriso bobo de gente apaixonada e eu ria, contagiada por tudo aquilo. Eu mal conhecia Pedro, mas eu confiava. Confiava ao ponto de fechar os olhos e deixar que ele me mostrasse o que fazer e, cá entre nós, eu sempre preferi fazer as coisas sozinha. Estar ali, rindo no meio de vários passos enrolados e atrapalhados me fazia sentir bem. Aquecia o coração finalmente encontrar alguém assim, leve. Depois de tanto tempo seguindo uma linha reta e comum, ele era porta aberta para altos e baixos. Pensei ali que nada que eu falasse talvez conseguisse transmitir o tanto que eu estava feliz por ter conhecido ele e todos os outros que vieram junto, por isso me contentei em elogiar.

A forma que ele dançava, o carinho que ele tinha com os amigos, a paciência em lidar com alguém irritantemente feliz e que fala pelos cotovelos (mas com conteúdo)... Eu, que sempre fui tão apaixonada por estrelas, talvez tivesse encontrado uma das mais brilhantes, bem ali na minha frente. Se ele sabia? Provavelmente não. Mas era assim mesmo; as pessoas mais bonitas eram aquelas que não tinham a mínima noção disso. 


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