Passei bastante tempo tentando absorver e entender o porquê desse dia ter mexido tanto comigo. Se cheguei em algum lugar? Não. Quem sabe no fim dessas linhas eu compreenda. Nenhuma dor de garganta se compara à minha agonia em me ver sozinha. Admito; Solidão é algo que eu nunca me senti confortável em vestir. É aquele meu short apertado na cintura que só uso quando não tem mais roupa limpa e me faz andar toda quadrada. Todavia, na lavanderia da minha vida faltava um tempo bom pra secar meus vestidos favoritos. Passei alguns meses tentando achar um lugar ao sol onde eu pudesse me sentir feliz (afinal, quem não gosta de roupas secas e limpas?) mas a época de chuva em Belo Horizonte estava se alongando demais. Às vezes aparecia uma luz entre nuvens pra me deixar um pouco mais aliviada, porém todo final de tarde era escuro, quase tanto quando o meu café. Não lembro quando desisti de estender roupas no varal, só me recordo do cesto que ficava cada vez mais cheio. Cheio de coisas que precisavam ser compartilhadas. Recordo de uma certa conversa com uma budista que, voluntariamente, quis examinar meus chakras: "Seu canal comunicativo é muito sensível, você tem necessidade de falar as coisas", ela disse. "Dor de garganta é um sinal que seu canal tá desequilibrado". Na época não fez muito sentido e não acreditei em nada daquilo, mas quando cheguei em casa hoje não sentia mais dor e engolia com facilidade. Entretanto o meu maior espanto foi encontrar finalmente um cesto de roupas secas no meu quarto.
Foi um belo dia de sol, mas tudo o que eu precisava mesmo era de um chá das cinco.