quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Amarelo


O sol pintava o céu no final da tarde quando Amanda saiu de casa. Fazia o frio característico do inverno na sua cidadezinha e ela não podia perder a chance de aquecer o corpo. Sentou-se na grama e sentiu os últimos raios luminosos daquele dia tocarem seu rosto. Adorava a sensação de ter a pele quente, ao passo que seus olhos inundavam-se com a visão das nuvens multicoloridas; o jeito que o sol sumindo no horizonte levava com ele todos os seus pensamentos ruins. 

Não era uma pessoa triste. Longe disso. Amanda transpirava alegria e disposição, não media esforços para ajudar alguém e não acreditava em "não consigo". Era o tipo de pessoa que colocava amor em tudo que tocava. Cozinhava, escrevia, falava, trabalhava, cuidava... Tudo com o coração. Uma pena que esse tenha se danificado um pouquinho na viagem da vida. Uma pena que alguém tão brilhante precisasse lidar com as dificuldades do fim. 

Apesar disso, ela nunca reclamava. Escondia suas cicatrizes nas mangas das suas muitas blusas de frio e vestia seu melhor sorriso todos os dias. Ria, fazia, acontecia e o mundo parecia girar ao seu redor; quase como se fôssemos girassóis e ela mesma tivesse roubado o brilho do astro para si. Mas era só chegar em casa e tirar as camadas de roupa que as memórias voltavam. Despia-se do jeito desastradamente lindo, da felicidade, da fala corrida e enérgica. Restava o cansaço do dia e do coração.

Porém Amanda nunca desistia. Sabia que o tempo curava tudo.

Amanda era linda. Em todas a sua perfeita imperfeição. Em toda a sua força. E às 17h30, Amanda era uma pessoa mais feliz.