sábado, 18 de abril de 2015

Inferno Astral

https://www.youtube.com/watch?v=CVUOTzoVeZA
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Eu acho que eu sufoco as pessoas. O tempo todo. E eu acho que estou começando a me sufocar por pensar tanto nisso. Esse é o problema de ser tão intensa; Se eu sofro, eu fico em carne viva. Se eu me sinto feliz, eu irradio. Se eu gosto, eu amo. É cansativo. Engraçado né? Cansar de ser você mesmo e não poder fazer nada sobre, afinal, como é que se foge de quem se é? E antes fosse só isso. Eu também tinha que ser absurdamente insegura com tudo o que eu faço. Eu também tinha que ter baixa autoestima. Eu também tinha que ser extremamente aberta pro mundo. Como é que mistura tudo isso numa pessoa só, Deus? Como é que eu lido com isso? Não sei ficar calada, não sei falar baixo, não sei ser discreta, não sei não me ofender com pequenas coisas, não sei conversar olhando no olho, não sei... Acho que eu tenho tanto medo de não ser aceita, de ficar sozinha, que eu acabo me desdobrando em mil pedaços pra agradar todo mundo. Eu acabo me importando com o que dizem e desdizem de mim.

Eu queria ter um botão de desligar. Um modo soneca de mim mesma. Onde eu simplesmente paro de sentir tudo por um tempo e faço as coisas no automático. Onde eu paro de pensar como as pessoas me veem todos os dias. Onde eu paro de achar problemas em tudo o que eu faço, digo, penso, sou. Fico imaginando que por trás de todo elogio que eu faço, existe um "me enxerga também". Por trás de cada abraço que eu dou, tem um "cuida de mim, por favor". Não sou uma pessoa nada difícil de se lidar; Qualquer atenção e reconhecimento automaticamente me desarmam e me fazem desmanchar. Acho que eu já estou tão puída que agradeço quando alguém me tira do guarda-roupa e me leva pra dar uma voltinha. Acho que já me conformei tanto com a vida que aprendi a ser feliz com a felicidade dos outros em vez de buscar a minha própria. Acho que eu tento sempre ser uma estrela, mas acabo sendo um cometa. 

Ser estrela, ter luz própria, ser memorável, presente, quente... Ser cometa, ser passageiro, ser sozinho, frio. Começo a pensar que tudo o que acho que sou na verdade é quem eu queria ser. Começo a sentir a solidão chegando, pouco a pouco. Eu abro a porta, faço sala, sirvo um cafézinho e ela vai ficando, vai ficando, vai ficando. E eu vou sumindo cada vez mais, dentro de mim mesma. Afundando em todos esses pensamentos que escaparam da porta trancada no fundo da minha cabeça, sendo ameçada pelos meus próprios monstros. Falta muito para chegar naquela parte do filme em que aparece alguém que salva os inocentes e coloca tudo no lugar? E como faz quando o protagonista percebe que é inocente, herói e vilão ao mesmo tempo? O herói mata o vilão e salva o inocente. O herói mata a si mesmo e leva junto o vilão e o inocente. O herói vive junto com o vilão e o inocente. O herói protege o inocente do vilão. Esse filme já tem quase vinte anos e no momento os três brigam e eu assisto. Assisto e sinto tudo pegar fogo dentro de mim. Com essa crise de água talvez demore pra eu conseguir me apagar. Me desapegar. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Eu comigo mesma


Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que você acha que eu não sei o que estou falando, mas eu sei. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Parece que você vai se desmanchar em lágrimas, mas não vai. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo, porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Parece que nada vai mudar e que todos te traíram, mas repare com mais atenção, alguém ainda olha por você. Eu sei que parece ruim, mas vai melhorar. No final tudo fica bem. Você pode estar machucado agora, mas no futuro será só uma cicatriz, daquelas que você olha, se lembra da experiência e percebe o quanto teve sorte, que pessoas passam por coisas piores todos os dias. Não sofra em excesso e não torne as coisas mais difíceis do que realmente são. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta