segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Não existe amor em SP

Eu conseguia sentir tudo. O cheiro de chuva que vinha de fora, juntamente com o som calmo e sereno das gotas no chão. As batidas aceleradas e o sangue pulsando pelas veias; nas têmporas, nos ouvidos, no pescoço, no peito, nas pontas dos dedos das mãos e pés. Eu podia sentir cada milímetro que existia entre nós, cada um deles rezando para que fossem extintos. Contei mentalmente quantos anos se arrastaram até que você tivesse se tornado uma fotografia amarelada na minha memória, como se isso fizesse alguma diferença. Você estava ali, com cores bem vívidas e o sorriso bobo no rosto. Estendi o indicador e toquei seu braço, averigando se aquilo era real. Parecia concreto o suficiente. Um dedo se tornou uma mão, que não demorou a virar um abraço com oito anos de sentimento acumulado. Senti uma lágrima escorrer pelo rosto e sorri em paz comigo mesma. O momento finalmente estava ali.

Abri os olhos. Dois de novembro. Respirei fundo e encarei o teto branco, deixando minha mente vagar pela noite passada. "Mais uma frustração pra colocar na conta", pensei. Senti a cama grande demais e meu corpo encolher contra parede, tentando se desfazer do abraço imaginário que jazia ali, tão real. Naquela manhã não existiu amor em SP, nem em BH, mas nascia um novo "e se". Sorri, levantei da cama e reli todas a promessas das madrugada. Deixa ser como será.

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