domingo, 22 de novembro de 2015

20 e tantos anos

Do lado de fora tudo era cinza. Prédios de concreto e pessoas de papel caminhavam apáticas pelas ruas largas do centro da cidade, todas muito ocupadas em seguir a linearidade das suas vidas. Ele olhava tudo de cima, com um sorriso bonito e triste no rosto. Triste porque sabia a infinidade de coisas que existiam para serem desbravadas e via as pessoas se contentando com tão pouco. Bonito porque guardava ali, naquela meia lua, uma vontade imensa de viver. Vontade intensa de se jogar de cabeça e fazer simplesmente aquilo que lhe fizesse feliz. 

Tinha um coração de menino batendo no peito de quem já sabia o peso das responsabilidades, coisa que sempre lhe rendia alguns momentos de lamento. Coisa cruel esse tal de tempo; não pede licença pra passar. Sentia-se amarrado pelas obrigações, mas gente jovem nunca perde a esperança, ele muito menos. Saiu da janela e voltou o olhar para o espelho na parede da sala. O menino era alto, tinha uns fios brancos em alguns cantos e rugas nos olhos de tanto sorrir. Idade é só um número para quem guarda o mundo dentro de si, para quem sente a liberdade correr pelo corpo, para quem quer sempre fazer mais e melhor. 

Do lado de fora tudo era cinza. Do lado de dentro não poderia ser mais colorido.

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